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A defesa da família e da vida nos discursos do papa no Brasil
Como Bento 16 apresentou a questão em sua viagem ao Brasil
 

Merece destaque nos discursos do Papa, em sua visita ao Brasil, a defesa da família e da vida. A imprensa, desde antes de sua chegada, havia criado uma grande expectativa sobre o que ele diria em relação ao aborto, anticoncepcionais, casamento.
Bento 16, porém, parece ter escolhido a fundamentação das questões de bioética. Em continuidade com a reflexão sobre o amor a Deus e ao próximo na encíclica Deus é amor, enfatizou a importância da família como sacramento desse amor. A base de sua reflexão é a experiência do “encontro com um acontecimento, com uma Pessoa” (Deus é amor, 1), o Cristo. Reconhece a urgência do testemunho de cristãos autênticos, os santos, como pessoas que permanecem no amor de Deus, que vivem plenamente o encontro do divino com o humano, nos diversos estados de vida, como testemunho eloqüente para cristãos e não-cristãos : “com essa vida divina desenvolve-se também plenamente a existência humana, nas suas dimensões pessoal, familiar, social e cultural” (Discurso inaugural do V CELAM, 13/mai).
É este o desafio que reconhece nos tempos de hoje: uma “confusão desnorteadora”, relativismo, secularismo. Encontramos este “mundo” onde existem tantas contradições, antes de tudo, dentro de nós mesmos, lá onde começa o diálogo com nossa própria consciência, a necessidade de responder ao nosso próprio desejo de verdade e felicidade.
Ainda que não seja um dos textos oficiais da visita, merece destaque, ao se falar desse tema, sua entrevista no avião que vinha ao Brasil. Lá, falando de improviso, explicita a posição cristã sobre a questão do aborto de modo fascinante: a vida é bela, cheia de esperança; e essa beleza e essa esperança não podem ser tolhidas de ninguém. Se as dificuldades da vida levam à desesperança e fazem com que alguém deseje o aborto, cabe a nós ajudá-la – tanto em termos objetivos quanto subjetivos – para que recupere essa esperança.

É verdade que os tempos de hoje são difíceis para a Igreja e muitos dos seus filhos estão atribulados. A vida social está atravessando momentos de confusão desnorteadora. Ataca-se impunemente a santidade do matrimônio e da família, iniciando-se por fazer concessões diante de pressões capazes de incidir negativamente sobre os processos legislativos; justificam-se alguns crimes contra a vida em nome dos direitos da liberdade individual; atenta-se contra a dignidade do ser humano; alastra-se a ferida do divórcio e das uniões livres... Como não sentir tristeza em nossa alma? Mas tende confiança: a Igreja é santa e incorruptível (cf. Ef 5,27). Dizia Santo Agostinho: "Vacilará a Igreja se vacila o seu fundamento, mas poderá talvez Cristo vacilar? Visto que Cristo não vacila, a Igreja permanecerá intacta até o fim dos tempos" (Enarrationes in Psalmos, 103,2,5; PL, 37, 1353.) (Discurso aos bispos do Brasil, 11/mai).

A família, "patrimônio da humanidade", constitui um dos tesouros mais importantes dos povos latino-americanos. Ela foi e é a escola de fé, palestra de valores humanos e cívicos, lar em que a vida humana nasce e é acolhida generosa e responsavelmente. Todavia, na atualidade sofre situações adversas provocadas pelo secularismo e pelo relativismo ético, pelos diversos fluxos migratórios internos e externos, pela pobreza, pela instabilidade social e pelas legislações civis contrárias ao matrimônio que, ao favorecer os anticoncepcionais e o aborto, ameaçam o futuro dos povos. (Discurso inaugural do V CELAM, 13/mai).

Os povos latino-americanos e caribenhos têm direito a uma vida plena, própria dos filhos de Deus, com condições mais humanas: livres das ameaças da fome e de todas as formas de violência. Para estes povos, os seus Pastores têm que fomentar uma cultura da vida que permita, como dizia o meu Predecessor Paulo VI, "passar da miséria à posse do necessário, à aquisição da cultura, à cooperação no bem comum... até chegar ao reconhecimento, por parte do homem, dos valores supremos e de Deus, que é a origem e o termo deles" (cf. Populorum progressio, 21).
Neste contexto, é-me grato recordar a Encíclica "Populorum progressio", cujo 40º aniversário recordamos no corrente ano. Este documento pontifício põe em evidência o fato de que o desenvolvimento deve ser integral, isto é, orientado rumo à promoção de todo o homem e de todos os homens (cf. n. 14), e convida todos a eliminar as graves desigualdades sociais e as enormes diferenças no acesso aos bens. Estes povos aspiram, sobretudo, à plenitude de vida que Cristo nos trouxe: "Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância" (Jo 10, 10). Com esta vida divina desenvolve-se também plenamente a existência humana, nas suas dimensões pessoal, familiar, social e cultural. (Discurso inaugural do V CELAM, 13/mai).

A Igreja quer apenas indicar os valores morais de cada situação e formar os cidadãos para que possam decidir consciente e livremente; neste sentido, não deixará de insistir no empenho que deverá ser dado para assegurar o fortalecimento da família - como célula mãe da sociedade; da juventude - cuja formação constitui um fator decisivo para o futuro de uma Nação - e, finalmente, mas não por último, defendendo e promovendo os valores subjacentes em todos os segmentos da sociedade, especialmente dos povos indígenas. (Discurso de boas vindas, 9/mai)

Nossa busca pela vida vem desde o papa João Paulo 2º. Ele fez disso um ponto central de seu pontificado, fez uma encíclica que avançava já nessa mensagem de que a vida é um dom, e não uma ameaça. Nessas situações [legalização do aborto no México] há um certo egoísmo e, de outra parte, é uma questão de valor e beleza da vida. É nisso que está o futuro. Sobretudo a vida é bela. Isso não é uma questão da igreja, é um dom em si. Mesmo em condições difíceis, é sempre um dom recriar o reconhecimento desta beleza. Sobre o futuro, claro, pairam tantas ameaças, mas a felicidade é que Deus é sempre mais forte e presente no teatro da história, para que possamos dar, com confiança, a vida a um novo ser humano. A fé garante a beleza da vida. Podemos resistir a esse egoísmo e a esse medo, que está em algumas coisas dessas legislações. (Entrevista coletiva dada no avião durante a viagem ao Brasil, 9/mai – TEXTO NÃO OFICIAL)

Sei que a alma deste Povo, bem como de toda a América Latina, conserva valores radicalmente cristãos que jamais serão cancelados. E estou certo que em Aparecida, durante a Conferência Geral do Episcopado, será reforçada tal identidade, ao promover o respeito pela vida, desde a sua concepção até o seu natural declínio, como exigência própria da natureza humana; fará também da promoção da pessoa humana o eixo da solidariedade, especialmente com os pobres e desamparados. (Discurso de boas vindas, 9/mai)

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